Universidades aparecem com pichações homofóbicas e racistas
Em menos de 24 horas, instalações da UnB, UFU e USP aparecem com mensagens de ódio; Polícia Federal foi acionada
Em menos de 24 horas, pelo menos
quatro universidades públicas registraram mensagens de cunho racistas e
homofóbicos no País. Na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a porta de um
banheiro foi pichada na quarta-feira com a mensagem "Pretaiada vai voltar
para a senzala". No local ocorria o Congresso Brasileiro de Pesquisadores
Negros. Ataques foram registados ainda na Universidade de Brasília (UnB), na
Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e na
Universidade de São Paulo (USP), que teve portas pichadas com o símbolo
nazista.
Os ataques na UFU ocorreram no
último dia do congresso que reuniu em torno de 4 mil pesquisadores, incluindo
convidados estrangeiros de países como Argentina, Angola e Portugal. A pichação
foi feita em um dos banheiros do bloco 3Q, no campus Santa Mônica, em
Uberlândia (MG). Em nota, a UFU diz repudiar o "fato criminoso de racismo
contra os pesquisadores e pesquisadoras negros e negras". Também instaurou
sindicância interna para identificar e punir os responsáveis. Já o DCE
(Diretório Central dos Estudantes) divulgou nota para afirmar que se solidariza
e "soma forças a todas as pessoas atingidas por essa inscrição".
Foto que circula nas redes
sociais tirada de um banheiro na Universidade de Brasília (FOTO: Reprodução Twitter /
Estadão Conteúdo)
Nesta quinta-feira, 18, o local
da pichação foi interditado para as investigações e a UFU registrou ocorrência
na Polícia Militar e acionou também a Polícia Federal, que orientou a
universidade a primeiro fazer a apuração interna. Depois disso, o que for
levantado será levado à Polícia Federal que tomará as providências. A
reportagem encontrou em contato com a delegacia da Polícia Federal em
Uberlândia, que confirmou aguardar que a denúncia seja protocolada para ir até
a UFU e assumir as investigações.
Em outro caso em Minas Gerais,
banheiros da Faculdade de Direito da UFJF apareceram desenhos da suástica
acompanhados de mensagens como "Morte aos gays" e "morte a todos
LGBT". A instituição também divulgou nesta quarta-feira nota de repúdio na
qual informa que "não aceitará qualquer forma de discriminação ou de
violência". A nota diz ainda que essas "expressões e símbolos
refletem o ódio e o irracionalismo que vêm se ampliando no contexto da disputa
eleitoral, estimulados por discursos pouco afeitos à democracia". E que
"intensificou os mecanismos de monitoramento em áreas de
convivência", mas sem registrar o caso na polícia.
Em Brasília, referência a massacre
Um banheiro da Universidade de
Brasília (UnB) amanheceu com dizeres que fazem referência ao "Massacre de
Columbine", tragédia escolar americana que ocorreu em 20 de abril de 1999,
na Columbine High School, no Colorado, Estados Unidos. Dois alunos armados
entraram na instituição, mataram 12 alunos e um professor, feriram outras 21
pessoas e se mataram. No banheiro da universidade apareceu os dizeres: "Se
Bolsonaro for eleito, é Columbine na UnB".
Por meio de nota, a univerisade
disse que tomou conhecimento da pichação por meio da fotografia postada nas
redes sociais e que o caso doi reportado à Polícia Federal. "Desde então,
a Universidade vem investigando o caso, sem que hajam dados até o momento a
serem divulgados". No começo do mês, a Biblioteca da instituição
identificou livros da temática de Direito Humanos rasgados.
Em São Paulo, a Universidade de
São Paulo (USP) investiga pichações de suásticas, símbolo do nazismo, feitas em
portas de cinco apartamentos do Bloco A do Conjunto Residencial da Universidade
de São Paulo (Crusp), alojamento estudantil da Cidade Universitária, na Zona
Oeste da capital paulista. Os estudantes criaram comitês de segurança para cada
andar dos prédios após o caso ter sido revelado na quarta-feira, 17, pelos
próprios estudantes nas redes sociais. Em uma das imagens postadas no Facebook,
além do desenho nazista, há a frase "Volta para Bolívia".
Rene Moreira e Marianna Holanda.

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