PF pede bloqueio de bens de Temer e a prisão do Coronel Lima
Presidente foi indiciado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no inquérito dos portos. Além de Temer, a PF indiciou outras dez pessoas
Presidente Michel Temer no dia 7
de outubro. (FOTO: MARCELO CHELLO EFE)
Na conclusão das investigações do
inquérito dos portos entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia
Federal pediu o indiciamento e o sequestro e bloqueio de bens do presidente
Michel Temer, a filha dele Maristela Temer, do ex-assessor especial da
Presidência Rodrigo Rocha Loures e de outros oito investigados, conforme
despacho do relator do caso na corte, Luís Roberto Barroso, a que a Reuters
teve acesso.
No relatório final, a PF também
solicitou ao Supremo a prisão preventiva do coronel João Baptista Lima Filho,
amigo de Temer, da arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher do coronel, e outras
duas pessoas. Em despacho desta terça, Barroso disse que vai aguardar a
manifestação da Procuradoria-Geral da República a respeito dos pedidos feitos
pela PF antes de decidir. A PGR poderá oferecer denúncia contra Temer.
Se isso ocorrer, seria a terceira
contra o atual chefe do Poder Executivo —as outras duas ele conseguiu barrar o
prosseguimento na Câmara dos Deputados, que não deu aval para o STF julgar as
acusações criminais e que ficaram suspensas até ele deixar o cargo.
Ainda assim, de antemão Barroso
decidiu proibir os investigados que tiveram a prisão preventiva requerida pela
PF de deixarem o Brasil. “Aguardarei a manifestação do Ministério Público
quanto aos requerimentos de sequestro e bloqueio de bens, assim como do pedido
de prisão preventiva. Determino, no entanto, desde logo, a proibição de se
ausentarem do país aos investigados que tiveram sua prisão processual
solicitada pela autoridade policial”, disse Barroso.
Segundo o ministro do STF, a PF
decidiu apontar o indiciamento dos investigados pelos crimes de corrupção
passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O
ministro cita que essa organização está “dividida em quatro núcleos: político,
administrativo, empresarial (ou econômico) e operacional (ou financeiro)”. Na
lista de indiciados estão Antônio Celso Grecco, ex-presidente da Rodrimar,
Ricardo Conrado Mesquita, ex-diretor da Rodrimar, sócio do grupo Libras,
Gonçalo Borges Torrealba.
“De acordo com o relatório, foram
produzidas, no âmbito do inquérito, provas de naturezas diversas, que incluíram
colaborações premiadas, depoimentos, informações bancárias, fiscais,
telemáticas e extratos de telefone, laudos periciais, informações e
pronunciamentos do Tribunal de Contas da União, bem como foram apurados fatos
envolvendo propinas em espécie, propinas dissimuladas em doações eleitorais,
pagamentos de despesas pessoais por interpostas pessoas —físicas e jurídicas—,
atuação de empresas de fachada e contratos fictícios de prestação de serviços,
em meio a outros”, informa Barroso, citando o relatório da PF.
O inquérito dos portos foi aberto
em setembro do ano passado, diante da suspeita de que Temer teria recebido
propina, por meio do então assessor especial Rodrigo Rocha Loures, para editar
um decreto que beneficiou a Rodrimar em alterações legais para o setor. Mas, no
curso das apurações, outros crimes foram sendo investigados. A defesa de Temer
informou à Reuters na noite desta terça que ainda não tinha tido acesso ao
relatório final da apuração e que vai se manifestar na quarta-feira.

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