Era fim de tarde de verão. O sol quase encostava-se na superfície das montanhas. O céu avermelhado confundía-se com o fogo que ardia em cada uma das tochas dos católicos ali presentes. Eu estava vendo apenas de loge, porém, sentia na pele o ódio de todos aqueles que protestavam. Meu olhos queimavam; sentia o que aquela pobre mulher, amarrada em um pedaço de madeira no meio da praça estava prestes a sentir. À media que os minutos se passavam, a euforia entre os que assistiam crescia. Havia todo tipo de público, até mulheres e crianças. Tive a impressão de que o até cão faminto que estava rondando o lixo acabou deixando a fome de lado para se divertir um pouco com aquela atrocidade. De repente, o barulho havia acabado. Olhei para fora, e tudo em silêncio. Ou melhor, tudo vazio. As tochas que outrora ardiam em chamas, agoras estavam apagadas e largadas pelas ruas. O crepúculo serviu para avisar que o espetáculo tinha acabado. Nem parecia que há alguns minutos centenas de pe