Não demore a chegar, meu amor. Sinto tanto medo agora, hoje acordei chorando, coisas estranhas estão acontecendo por aqui, tenho um embrulho para te entregar. Acordei chorando, com a boca costurada, estava sozinho ouvindo uma balada – é como eles chamam – tão triste a tal balada, tão bonita e tão triste e eu nem me lembro o que ela dizia, mas tinha o veludo do sentimento agressivo que se acomoda nas veias endurecidas. Acho que todos merecemos uma daquelas paisagens de filme de bang-bang, todos merecemos um cafuné de vez em quando, uma saliva inesperada. Ah minha vida, portanto não demore! Estão todos de partida, ficarei aqui: te espero. Gostaria de sentir um peso forte de esmagar o peito agora, sentir faltar a respiração, num segundo você entra pela porta, estou de braços abertos, roxo sem ar, você apenas sorri – você tem esse poder de apenas sorrir – você simplesmente sorri para mim e, veja bem: eu não esperava nada, não havia nada combinado, não estávamos escritos nas estrelas,