Movimento em defesa do MinC não ganha força

Quando Temer quase fechou o ministério, ocupações se espalharam em todo o país. Agora, a classe artística reage silenciosamente. 


Palácio Capanema (RJ), foi ocupado em 2016. (FOTO: CBN)

Em 2016, houve luta, literalmente. Com o anúncio de que o então recém-empossado presidente Michel Temer (MDB) queria fechar o Ministério da Cultura, a classe artística foi às ruas, ocupou redes da Funarte durante mais de 100 dias no Rio, além de longas ocupações em São Paulo e Brasília e recebeu apoio político de nomes como Cauã Reymond e Marcelo Serrado. 

Menos de dois anos depois, o Ministério da Cultura teve seu fechamento confirmado em diversas entrevistas do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), mas a reação da classe artística é bem menos intensa. Nas redes sociais, as hastags #FicaMinC e #OcupaMinC, tão compartilhadas no passado , não ganham força. 

Na semana passada, um ato diante da sede do Ministério da Cultura, em Brasília, reuniu pouco mais que 40 pessoas, que cantavam "Povo sem cultura é derrota nacional". As mesmas palavras de ordem foram cantadas no Palácio Capanema, no Rio, por 200 mil pessoas, segundo dados da UNE (União Nacional dos Estudantes), em 2016. 

Para o professor de ciência política da UDF (Centro Universitário do Distrito Federal), André Jacomo, o fenômeno de esvaziamento da luta dos artistas tem duas explicações: o novo governo ter sido eleito e o fato de que a pauta de cortes é maior, o que tira o foco da cultura. 

"Em 2016, a gente tinha um forte questionamento da legitimidade das mudanças que o governo Temer queria fazer pois muita gente defendia que o governo que estava assumindo era golpista e não tinha direito a isso. Com o projeto de Bolsonaro, por menos que se goste, há que se concordar que foi o projeto escolhido nas urnas", diz. 

"A reforma administrativa que o Temer propôs em 2016 era muito por formalidade, não tinha grande impacto, agora Bolsonaro mirou em muitos ministérios, como o de Direitos Humanos, do Meio Ambiente, que são pautas defendidas pela mesma população que defende as pautas culturais, com isso, o movimento perdeu holofote", complementa Jacomo. 

A Resistência Atual

Ainda com a adesão menor, há uma movimentação em torno da defesa do MinC. Na semana passada, o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura publicou uma carta em defesa do ministério, usando como argumento que "o setor cultural gera 2,7% do PIB", que o "MinC foi uma demarcação institucional do campo das artes e da cultura no país". 

"O que está em questão é mais que o Minc, mas a defesa de uma visão de país", disse o secretário de cultura do Ceará, Fabiano Piúba. Artistas como o cantor Leoni e a atriz Guta Stresser também publicaram mensagens em defesa da pasta. 

O governo Bolsonaro, porém, já anunciou que as atribuições do Ministério da Cultura serão assumidas pelo recém-criado Ministério da Cidadania, que será chefiado por Osmar Terra (MDB). 

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