Sonhos e mais sonhos...
Hoje tive um sonho muito esquisito — como se a maioria deles ja não o fosse. eu estava em uma praia, sem mais ninguém a minha vista. Eram umas 5 ou 6 horas da tarde, o sol já não queimava tanto e a brisa que vinha do mar tornava fresco o ar atípoco de uma tarde de verão. O barulho do vai e vém das ondas tranquilizava os ouvidos do único admirador daquela cena criada pela natureza.
Eu, apenas com um bermudão de praia, sentado na areia em posição fetal, com os joelhos quase apoiando meu peito, e os meus braços como se estivessem abraçando minhas próprias pernas — um tanto sujas de areia. Sozinho, apenas com minha consciência, o meu olhar era de quem havia chorado. Os olhos vermelhos, as pálpebras inchadas, os grandes cílios embaraçados e ainda úmidos, ressecando aos poucos na medida que esquecia o que acontecera.
E no exato momento em que uma onda havia se quebrado diante dos meus olhos, a escuridão de repente se fez. Subitamente, a bela imagem de um quase pôr-de-sol com o oceano azul-esverdeado, transformou-se em um breu. Apesar de perder o sentido da visão, ganhei o de tato... No momento exato que deixei de admirar a maravilhosa paisagem, passei a sentir uma mão, uma delicada mão, uma pequena e branca mão sobre meus olhos. Não apenas sentia uma mão em meu rosto, mas agora a acariciava com as minhas — ainda um pouco sujas com a areia salgada da praia.
Era como se eu quisesse descobrir de quem era a tal mão, que pessoa que impossibilitava de ver algo mais que o preto. Era também como se eu tivesse a certeza de quem eram aquelas meigas mãos e não acreditava que elas me tocavam naquele instante. Já sabia a quem pertenciam — o cheiro, a delicadeza, a maneira de tocar... Só podiam ser dela — , mas permaneci em silêncio, pois de falasse o nome da dona daquelas mãos, ela deixaria de manter o tal contato físico. Só não sabia como ela estava.
Ela, com um vestido florido — me arrisco a dizer ser o mais lindo jardim espalhado pelo seu corpo esbelto — ; ainda com os cabelos molhados, como se tivesse acabado de sair de um banho de mar — e eu, em pensamento, obitive essa linda e prazerosa imagem e é a que quero guardar comigo pelo resto da vida — ; os olhos tão inchados quanto os meus — ela fica linda até mesmo depois de chorar, mas prefiro seu lindo sorriso! — e um rosado nas maçãs do rosto típico de uma pessoa com traços europeus que passa o verão em praias tropicais. Apesar do vermelho, do rosado que dá a vivacidade a sua pele, ela ainda era a minha branquinha. Talvez eu não fosse mais o seu branquinho como antes... só ela mesmo poderia me dar essa resposta. No entanto, permaneceu muda, com um sorrisinho no rosto que não foi capaz de disfarçar seus olhos tristes.
O fato é q não estávamos mais juntos. Era mais fácil acreditar que tudo havia acontecido recentemente do que há um tempo maior. se ainda havia lágrimas em nossos olhos e tristeza em nossas almas, era porque ainda não tínhamos esquecido uns aos outros. Seria triste saber que, mesmo depois de um tempo, ainda permanecíamos infelizes. sim, é mais fácil — ou melhor — pensar que o sofrimento estava nos atormentando por apenas alguns dias ou semanas.
A sua mudez permaneceu até o momento em que se viu sendo ignorada por meus sentimentos e, como curiosidade ou simples vontade de manter contato (agora, verbal), perguntou se poderia sentar-se ao meu lado naquele lugar que mais parecia um paraíso. Fiquei sem deixar sair uma palavra de minha boca, no entanto, consenti com a cabeça o que havia sido questionado. O meu "sinal" foi o suficiente para roubar mais um sorriso de seu rosto. E mesmo estando com a maior vontade de admirá-la, continuei focado no quebrar das ondas e em algumas gaivotas que chegavam aos poucos, fazendo um bocado de barulho, prontas para fazer a última refeição do dia. O som das esfomeadas aves, juntos a suas acrobacias, serviu para enfeitar ainda mais aquele fim de tarde.
Ela sentou-se e ficou por um tempo fingindo também observar a paisagem. O que ela não esperava era que eu já percebera seu observar de canto de olho para mim. E também tinha quase certeza de que ela já havia percebido que a olhava, mas sem querer demonstrar — nenhuma beleza natural me interessava mais do que a dela.
Meu coração acelerou. os músculos de meu rosto começaram a tremelicar, como se mais uma vez fosse voltar a chorar. Foram apenas ameaças. Talvez, se ela não estive mais ali, as lágrimas saltassem dos meus olhos. Todavia, apenas uma escorreu — no perfil oposto ao lado que ela se sentara. Ela estava do meu lado direito, apoiada em seus braços para trás e com a barriga para cima. Enquanto isso, a água levemente salgada, fruto de mágoas e tristeza do interior e que só os que passam podem definir, escorria pela maçã esquerda do meu rosto. A doce e jovem não percebera até que a minha mão direita, salgada e com alguns grãos de areia grudados, aplicou-se em um movimento rápido com o intuito de secar o caminho percorrido pelo liquído proveniente de meus canais lacrimais.
Se eu queria realmente disfarçar algo e não demonstrar nada do meu sofrimento para ela, estava indo em direção ao fundo do poço, tudo por água abaixo. Agora eram as minhas ventas as causadoras da indiscrição. Os fungares tornaram-se constantes com a intenção de impedirem que as vias respiratórias ficassem obstruídas pelo muco — o que por mim, pode ser definido como consequência de horas e mais horas de um dia triste e desanimador. Diferentemente dela, que com esse tique fica ainda mais adorável (principalmente quando puxa para o lado os lábios acompanhando o movimento), me considerava um porco que não fazia nada mais que desentupir o nariz.
Silêncio. As ondas já não eram mais fortecomo antes. As gaivotas terminavam o seu jantar e, aos poucos, se acomodavam umas próximas as outras empoleiradas nos decks, pretendendo ter onde passar uma boa noite e dormir até o nascer do sol do dia seguinte. Uma outra onda, bem pequena e fraca; e mais alguns instantes de puro silêncio.
O sol quase se fundia com a linha do horizonte. O crepúsculo iluminava o rosto de minha amada e, com luzes e sombras, a imagem produzida era mais bela do que qualquer quadro de qualquer artista famoso. Seus olhos cabisbaixos demonstravam a sua insatisfação.
Ela sentou-se e ficou por um tempo fingindo também observar a paisagem. O que ela não esperava era que eu já percebera seu observar de canto de olho para mim. E também tinha quase certeza de que ela já havia percebido que a olhava, mas sem querer demonstrar — nenhuma beleza natural me interessava mais do que a dela.
Meu coração acelerou. os músculos de meu rosto começaram a tremelicar, como se mais uma vez fosse voltar a chorar. Foram apenas ameaças. Talvez, se ela não estive mais ali, as lágrimas saltassem dos meus olhos. Todavia, apenas uma escorreu — no perfil oposto ao lado que ela se sentara. Ela estava do meu lado direito, apoiada em seus braços para trás e com a barriga para cima. Enquanto isso, a água levemente salgada, fruto de mágoas e tristeza do interior e que só os que passam podem definir, escorria pela maçã esquerda do meu rosto. A doce e jovem não percebera até que a minha mão direita, salgada e com alguns grãos de areia grudados, aplicou-se em um movimento rápido com o intuito de secar o caminho percorrido pelo liquído proveniente de meus canais lacrimais.
Se eu queria realmente disfarçar algo e não demonstrar nada do meu sofrimento para ela, estava indo em direção ao fundo do poço, tudo por água abaixo. Agora eram as minhas ventas as causadoras da indiscrição. Os fungares tornaram-se constantes com a intenção de impedirem que as vias respiratórias ficassem obstruídas pelo muco — o que por mim, pode ser definido como consequência de horas e mais horas de um dia triste e desanimador. Diferentemente dela, que com esse tique fica ainda mais adorável (principalmente quando puxa para o lado os lábios acompanhando o movimento), me considerava um porco que não fazia nada mais que desentupir o nariz.
Silêncio. As ondas já não eram mais fortecomo antes. As gaivotas terminavam o seu jantar e, aos poucos, se acomodavam umas próximas as outras empoleiradas nos decks, pretendendo ter onde passar uma boa noite e dormir até o nascer do sol do dia seguinte. Uma outra onda, bem pequena e fraca; e mais alguns instantes de puro silêncio.
O sol quase se fundia com a linha do horizonte. O crepúsculo iluminava o rosto de minha amada e, com luzes e sombras, a imagem produzida era mais bela do que qualquer quadro de qualquer artista famoso. Seus olhos cabisbaixos demonstravam a sua insatisfação.
Ludgero Baptista, 2011.

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