A História de Nossa História - Parte 1

Capítulo I – O Início

          Eram seis da tarde de uma sexta-feira. Primeiro dia de aula de Ludgero Baptista em seu novo colégio. A timidez era tamanha. E mesmo que ele quisesse se esconder no meio dos outros, não havia como: enquanto todos trajavam o uniforme da escola, Ludgero vestia apenas uma calça social preta e uma camisa discreta acinzentada.
          Ludgero Baptista era um jovem como todos os outros. Fazia tudo o que a sua idade mandava fazer; se vestia como todos os outros se vestiam; falava e se portava como qualquer um. Pálido de tão branco, com barba por fazer, ele simplesmente não pensava em nada mais do que estudar. De altura mediana, cabelos e olhos castanhos, não tinha nenhum diferencial em relação aos outros.
          Sem conhecer ninguém, seria natural que esse novo aluno tentasse fazer novas amizades, ou pelo menos, se enturmar entre os veteranos. Não foi o que aconteceu. Ludgero Baptista simplesmente isolou-se, sentou na última carteira da fileira do canto da sala, sozinho, apenas com seu caderno.
          Enquanto o professor falava, o único calouro da turma não se cansava de escrever. As anotações eram muitas: desde fórmulas passadas pelos mestres até mesmo as resoluções dos próprios exercícios.  Era sempre o primeiro a responder as questões feitas pelos professores. Em um instante, conseguiu o carinho de muitos deles e a antipatia de alguns colegas de classe. Enquanto os professores comentavam que Ludgero era “um exemplo de aluno dedicado”, ouvia-se pelas bocas de uns e outros que era exemplo de “um menino metido e convencido”.
          No outro pólo da sala – na primeira fileira e próxima a mesa do professor -, encontrava-se um grupinho de meninas que não parava de conversar. Sobre o que, não se sabe; sabe-se apenas que a mais graciosa, a mais delicada e encantadora delas não parava de olhar para Baptista. Este acabou por começar a se encabular – até porque, quem gosta de ser o centro das atenções quando não conhecemos ninguém além de nós mesmo?
          O intervalo teria vindo em boa hora se fosse o momento perfeito para conhecer melhor os vários novos colegas. Mas quem disse que deu para fazê-lo? O pouco tempo não deu nem para terminar o lanche! A correria era intensa. Professores trocando de horário, alguns alunos em salas erradas... Mas nada disso era motivo para Baptista trocar uma sequer palavra com alguém, por mais engraçado que fosse a situação.
          A aula recomeçou, nada mudou. Ou pelo menos até então...

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