Citação do dia...

"A última função da razão é reconhecer que há uma infinidade de coisas que a ultrapassam."

Blaise Pascal

Comentários

Muito boa essa do Pascal, Julio.
Apesar de a razão ainda ser um dos grandes mitos do mundo Ocidental...
Abração
Artsy-Fartsy disse…
Marcelo,
veja só que interessante: no blogue de um rapaz de 14 anos (precoce - só no bom sentido, espero, para felicidade das suas ficantes), o ressurgimento do diálogo.
Santo Tomás de Aquino, ao fim de seus dias, proclamou: "tudo o que escrevi é palha". A razão, quando passa do plano meramente gnosiológico (a "noosfera", de Teilhard de Chardin), e se questiona (Pascal, em Pensées: nada mais conforme com a razão do que a retratação da razão), cede e acede à dúvida. Essa dúvida, em Wittgenstein (Tractatus), é o alicerce mais fundado que me parece ter havido para a contestação de alguns aspectos do aristotélico-tomismo.
Parece-me que a razão, mais que mito, é tabu (freudiano): sagrado, "sanctus/purus/mundus", ou então, numa visão maniqueísta e, por incrível que pareça, não antitética, infernal ("infernus: inferior"), "i-mundus" (impuro).
Admito aqui um desvio de paralaxe em minha proposta de interpretação, mas a razão não sói arrazoar-se a si mesma. E se se a contesta, contende-se. Assim, esse ora pender para a razão e ora aceder a algo maior do que ela mesma (99% transpiração, 1% de inspiração), é transcender a noosfera teilhardiana e pender para a holosfera. Acho que por isso Teilhard quase foi proscrito.
Por que eu acho, então, que a razão não é exatamente mito, mas mais especificamente tabu? Porque o "cogito ergo sum" ainda parece ser totem. Estranho isso, mas parece que renunciar à razão é sacrificar um cordeiro totêmico, ou seja: herança atávica ou não, ainda tratamos (ou a maioria de nós) a razão com foros de religião. E assim também - incrível e/ou óbvio - o próprio ateísmo (que acaba muitas vezes virando uma "religião", com a conotação da palavra que lhe dá Sérgio Buarque).
Veja se não estou devaneando: a razão é tratada emocionalmente, e não (ou não sempre) racionalmente; e muitas vezes - pena - não inteligentemente (oxímoro?, ou conclusão, a partir da observação?).
Deixo aí como observação e também dúvida, pois meus estudos acerca do assunto são de leigo; fi-los apenas como autodidata, sem um orientador.
Abraços ao blogueiro e a seu professor.
Auto-didata de respeito, mr fart, não há dúvida.
Não discordo de sua colocação sobre a questão do totem e do tabu. De fato, a razão pode ser avaliada sob essa perspectiva.
Coloquei a questão do mito por que entendo essa idéia ("mito") como apontam o Mircea Eliade e, em consonância, o Roland Barthes. Nessa ótica, razão, emoção e qualquer outra alcunha que se pretenda para o que é visado como objeto cai no labirinto da ideologia. Eu diria, essa é uma palavra-chave.
Quando você dá o exemplo do ateísmo, é exatamente disso que fala. Descrer é crer na descrença. E o crer é sempre da ordem do ideológico.. A linguagem sempre supera as pretensões da razão, até por sua estrutura faltosa, que não sustenta porto seguro definitivo para nenhum tabu. Ego e tabu guerreiam justamente por que este é instrumento do totem (do simbólico).
E aí, eu diria: o ponto final... é um tabu que não resiste a um rabo de reticência...
Quanto ao devaneio, acho que este é justamente o mérito de suas colocações. Toda pretensa razão é pensamento (portanto linguagem, portanto devaneio). O devaneio, eu diria, é estrutura de nossa fala. E tem coisa melhor?
Grande abraço, amigo

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