Sobre Bolsonaro no Roda-Viva


Um candidato 100% Sincero (???)

Muito se engana quem pensa que Bolsonaro foi humilhado ontem no Roda Viva. Os jornalistas conseguiram, no máximo, impedir o crescimento do eleitorado dele, evitando que se expandisse para eleitores com um pouco mais de juízo. Para o eleitorado de Bolsonaro, ele "mitou". Mitou quando desprezou a necessidade das cotas, mitou quando disse ser favorável ao armamento da população, mitou quando disse não ter ocorrido golpe militar nem ditadura e mitou quando elogiou Ustra. Você que está lendo este texto pode não ter gostado das afirmações de Bolsonaro, mas Bolsonaro não fala para você ouvir, ele fala para um público específico, que sabe muito bem quem ele é e o apoia justamente por isso.

Se não estivéssemos tratando de um semianalfabeto eu poderia afirmar que Bolsonaro é um fiel leitor de Schopenhauer e suas técnicas de como vencer um debate sem ter razão. O presidenciável usou várias técnicas Schopenhauerianas como, por exemplo, não responder nenhuma pergunta objetivamente, direcionando as questões para coisas mais simples, os chamados espantalhos. Quando foi questionado sobre a truculência do regime militar e suas torturas Bolsonaro afirmou que tais atitudes do regime eram legitimas devido ao risco comunista, disse que se não houvesse o golpe militar o Brasil teria se tornado uma Cuba. Pronto, o espantalho está formado, evoca-se o bom e velho inimigo comunista e Bolsonaro “ganha o debate”. Não ganha para mim, nem pra você que está lendo este texto, mas ganha para quem ele se comunica. Seus eleitores devem ter tido orgasmos múltiplos a cada “mitada” de Bolsonaro.


Os jornalistas não se prepararam para enfrentar Bolsonaro, estavam mais preocupados em “lacrar” com as polêmicas do que preocupados em colocar o presidenciAsno em saia justa. Os jornalistas caíram em uma armadilha: pensaram que quando os podres de Bolsonaro são exibidos, ele perde voto, mas é justamente por estes podres que ele mantém seu eleitorado fiel. O eleitor de Bolsonaro sabe que ele é machista, homofóbico, racista e ignorante. Na maioria das vezes os eleitores de Bolsonaro se identificam com ele nestas “virtudes” - e que são, na verdade, terríveis vícios. Cada frase machista, homofóbica e racista de Bolsonaro leva o seu exército de bolsominions ao delírio. Mais eficiente seria se tivessem focado em perguntas sobre economia, geração de empregos, carga tributária ou reforma da previdência. Mas não, o Bolsonaro que foi mostrado ontem no Roda Viva foi o mesmo que todo mundo conhece, o mesmo que tem 20% dos votos no primeiro turno.

Essa jornalista não sabia se vomitava por conta das respostas do candidato, ou pelas perguntas de seus colegas de profissão...

Os jornalistas, à serviço da grande mídia, falharam na missão de desidratar Bolsonaro e impulsionar a candidatura de Alckmin. O “mito” tira votos justamente de Geraldo Alckmin, apesar de esse último outro candidato à presidência da República pelo PSDB também  não ser o  melhor preparado para o cargo. A presença de Bolsonaro nas eleições fez aquele eleitorado de extrema-direita, que sempre votou no PSDB, migrar para Bolsonaro. Sem o deputado na disputa eleitoral, Alckmin certamente já estaria com cerca de 15%, 18% nas pesquisas. Bolsonaro sai do Roda viva da mesma maneira que entrou, com seu eleitor cativo, que pôde se deliciar com uma hora e meia de “mitadas”. Mas por outro lado, sai sabendo que só pode contar com este eleitorado, o que não será capaz de conduzi-lo em um segundo turno à presidência da república.

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